A black music envolve resistência

Créditos: Nathalia Goulart
Por Thainá Bynes
No Brasil, Michael Jackson inspirou os artistas negros e está presente influenciando a comunidade brasileira, desde os Jackson Five, até sua carreira solo. O Dj e produtor Sir Dema, que prefere ser chamado por seu apelido, conta que conheceu a Black Music através da música de Michael Jackson, em ‘’Go back to Indiana’’, quando ele e seu amigo escutavam o disco. E de imediato se apaixonou pelo estilo.
- Na minha geração, não tinha como não escutar Jackson Five e não se apaixonar. Até desenho do Jackson Five eu assistia, e percebi que a influência dele foi chegando à América Latina. E quando o Michael começou a cantar sozinho, ele virou uma referência dos Djs de black music como eu, e das festas cariocas.
Sir Dema destaca que o movimento black contribuiu para a juventude materialmente negra e pobre a fugir da regra do mercado padrão, e criar o próprio tipo de cabelo, estilo e ritmo. As referências do movimento Soul vem da música do Michael, com o ritmo R&B.
O Dj ressalta que o Black foi um movimento de autoestima negra que se espelhava no Michael Jackson como um negro que ascendeu, teve uma vida difícil, e que também sofreu preconceitos. “Esse contexto ajudou a criar lideranças de movimento negro para lutar a favor de seus direitos, contra discriminação.’’
Créditos: Leonardo Guimarães
O movimento Soul Black Rio se popularizou nas décadas de 60 a 70, e foi intitulado de Movimento Soul Nacional. Depois, se deram encontros das equipes black power, festas nas varandas se tornaram bailes. Os eventos foram crescendo como o primeiro baile de 11 de novembro, organizado pelo Dj Mr Sank Santos, no clube História que ficava no Catumbi. A partir daí, se espalhou e criou uma legião de fãs em vários estados.
Movimento de bailes soul no Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, mais de 200 equipes de som faziam bailes nos fins de semana. Grandes clubes, pequenos salões, espaços em igrejas, quadra de escolas, associações comerciais e salão de sindicatos. Qualquer espaço servia para a realização de um encontro de equipes para colocar a massa black para dançar, foi assim desde o final dos anos 60, até o início dos anos 80.
Para a frequentadora do baile charme de Madureira, Letícia Marques, de 23 anos, o baile do Dutão se destaca por ter um público de diferentes estilos e cores, com faixa etária entre 20 a 35 anos: “ Eu amo o baile charme porque e é um ambiente animado, no qual as pessoas vão com o intuito de se divertir e não somente paquerar’’. Letícia vai pelo menos uma vez no mês no evento, e disse sentir uma sensação de liberdade e resistência.
O Dj Michel do Baile Charme de Madureira, no Rio de Janeiro afirma que as músicas do cantor Michael Jackson estão presentes em todos as suas playlists, já que o cantor é uma forte influência por lá. “ Eu utilizo em todos os meus sets, alguma música do Michael, isso me faz lembrar da minha adolescência e me emociona.”
Para o Dj, que é residente há 25 anos no baile, o evento é um espaço de resistência negra e representatividade. Ele destaca que o baile charme é um misto de amor e luta. “ Quando cantamos a partir do soul ou hip hop nós podemos nos expressar e criamos um canal com a comunidade’’. O Baile Charme de Madureira, fica no viaduto Negrão de Lima, mais conhecido como Dutão, na rua Carvalho de Souza, e funciona todos os sábados de 22 H até as 5 H da manhã. O ingresso custa R$ 10.
