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Fãs de Michael perdoam Joe Jackson após sua visita ao Brasil

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Joe Jackson na divulgação do livro "O que realmente aconteceu a Michael Jackson?"

(Foto: Leo Fontes / O Tempo)

Por Leonardo Flores

A visita de Joseph Jackson ao Brasil em 2010, suavizou a imagem de um chefe de família agressivo que se fazia do pai de Michael Jackson. De acordo com a assessora Rachel Sardinha, que acompanhou Joe durante a passagem por São Paulo, estar ao lado do pai foi o mais perto possível que muitos fãs conseguiram chegar de Michael. Quando Joe veio ao Brasil, a maior preocupação de Rachel era como ele seria recebido pelos fãs. No entanto, a resposta foi melhor do que era
esperado.


- O Joe sempre se mostrou bem acessível aos fãs. Estávamos um pouco apreensivos quanto a isso, pois a fama dele não era boa entre eles. Mas um dia, antes de uma coletiva, levamos ele ao shopping para fazer compras e todos os fãs que o reconheceram pediram para tirar fotos, conversar. Ele foi muito prestativo, falou com todos e tirou as fotos - conta Rachel.


Na ocasião, Joe veio ao Brasil divulgar o livro “O que realmente aconteceu a Michael Jackson”, escrito por Leonard Rowe, seu amigo. Na época, a notícia mais recente que havia chegado ao Brasil sobre o pai de Michael era da revista Rolling Stones. Segundo a reportagem, Joe havia sido deixado de fora do testamento do Rei do Pop. O consenso entre os fãs era de que essa era uma resposta a criação dura que Michael e seus irmãos tiveram. Ainda assim, Joseph o enaltecia sempre
que podia.


- Fazia pouco tempo que o Michael tinha morrido. Um ano e meio, eu acho. Então ele lembrava de coisas e falava. Quando ele percebia a oportunidade, falava bastante. ‘Ah, o Michael gostava dessa música’, ou, ‘gostava muito do Brasil’. Isso ele falava sempre para todos os fãs, que ele gostava muito do Brasil, gostava muito dos fãs do Brasil. Ele falava com carinho, assim. A percepção que dava é que ele falava como pai mesmo - explica Rachel.

A vinda de Joe Jackson ao Brasil entusiasmou William Medeiros, fã de carteirinha de Michael Jackson. Na ocasião, ele ficou feliz com o lançamento de um livro sobre o Rei do Pop, principalmente porque era uma obra que o defendia. No dia do lançamento foi ao Shopping Eldorado, em São Paulo, para conseguir um contato com ele. No fim, conseguiu uma foto e passou uma mensagem de fã para Joe.


- Falei para ele que o Brasil amava o Michael, e que transmitisse a mensagem para os filhos do Michael, Prince, Paris e Blanket, além da Katerine. Foi muito rápido. Ele disse: “Ok, thank you”. Não queria falar muito não. Mas ele respondeu quando eu falei. Parou e me escutou. Achei interessante a experiência de conhecer ele. Já vi muita gente famosa pessoalmente, muitos acabam sendo bem diferentes, mas ele era exatamente igual ao que víamos na TV – conta William.

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Joe Jackson e seu fã William Medeiros

(Foto: WIlliam Medeiros)

O perdão dos fãs


Joe Jackson esteve com Michael durante todo o início de sua carreira, com “Off the Wall” sendo o álbum mais importante em que esteve presente. Além disso, para Rosana Márcia, criadora do grupo de Facebook “MJ 4 Ever”, a maneira com que o pai criou a família Jackson foi diretamente importante para que o Rei do Pop tivesse um nível técnico tão alto.


- O Joe o ensinou a tentar ser o mais perfeito possível naquilo que ele queria realizar. Eu acredito que isso tenha influenciado o Michael a vida inteira. Ele carregou isso na mente até o dia em que morreu. Ele tinha que ser perfeito, não podia ter defeitos. Tudo que ele passou com o pai na infância, ficou: críticas, surras, castigos. Têm alguns vídeos em que o Michael sai do estúdio e vai chorar porque não está conseguindo chegar no tom que gostaria. Então deveria ir a cabeça dele, que naquele momento, como ele errou, o pai teria o agredido. É assim que eu penso, eu acredito que o pai tenha tido muita influência na relação profissional dele – disse Rosana.


As opiniões dos fãs sobre Joe Jackson são variadas. No fã-clube “Michael Jackson el rey del pop”, há um consenso de que a forma como ele criou seus filhos foi ruim, mas que ele poderia ser perdoado. Para Rosana, Michael perdoou seu pai antes de morrer. Além disso, ela diz entender como se deu essa criação por ter sido educada de forma parecida.

- O pai do Michael, pelo que a gente sabe, era uma pessoa sem instrução. Eu posso comparar ele com o meu pai. Meu pai era muito severo com a gente e a gente apanhava muito também. Na verdade, eu nem tanto, porque eu sou a caçula, mas meus irmãos sim. E eu acho que ele não demonstrava aquele amor de pai, que é tão necessário na vida de uma criança. No caso do Joe, ele não era nem pai, nem amigo, ele era só o Joe. Tanto que era assim que o Michael se referia ao pai. – explica Rosana.


A posição dos fãs quanto ao pai de Michael não é unânime. Porém, diversos fãs foram o conhecer quando veio ao Brasil. E o motivo, segundo Rachel, é similar ao sentimento de Rosana: “Para o fã, já que não tinha mais o Michael, Joe era o mais perto que eles conseguiam chegar de seu ídolo”.

Pai severo cria um gênio

Joseph Walter Jackson nasceu em 1928 no Arkansas. Seu pai era muito duro em sua infância. Aos 17 anos, conheceu Katerine Jackson, com quem se casou quatro anos depois. Com ela se mudou para Gary, em Indiana, onde nasceram todos seus nove filhos. Nos anos 1950, ainda tentou formar um grupo musical com seu irmão, Luther, mas a banda se dissolveu alguns anos depois por nunca ter conseguido destaque.


Em 1963, flagrou seu filho Tito tocando sua guitarra e percebeu o talento musical que sua família tinha. Formou-se então os Jackson 5, composto por Jackie, Tito, Jermaine, Marlon e Michael, que depois se tornaria o Rei do Pop.


Segundo seus filhos, Joe era muito severo e forçava os filhos a ensaiarem por longos períodos. O tempo que sobrava era dedicado aos estudos. Em 1993, no programa “Oprah Winfrey Show” da apresentadora homônima, Michael disse: “Eu não sei se eu era o garoto-prodígio dele ou o quer que fosse. Alguns podem chamar isso de uma disciplina rigorosa, mas ele era muito severo, muito duro, muito austero”. Ele também conta que o pai não os deixava sair de casa, com medo de más influências no bairro onde moravam.


Michael iniciou em 1971 sua carreira solo e demitiu Joe como seu empresário em 1979. Até 1983, todos seus irmãos fizeram o mesmo. A partir daí surgiram várias histórias sobre a forma como Joe criava seus filhos, incluindo a acusação de que teria estuprado sua filha Latoya, o que foi desmentido depois por ela. Porém, a imagem que ficou na mídia foi a de um pai severo e, por vezes, abusivo. Antes da morte de Michael em 2009, ele perdoou seu pai. Joe viveu até junho de 2018, quando morreu em decorrência de um câncer no pâncreas.

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